terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Jornalista, profissão coragem


Por:  Eliakim Araujo
Depois da pausa de fim de ano,  que se misturou às discussões entre republicanos e a Casa Branca em busca de uma saída que tirasse o país da beira do abismo fiscal (será que tirou?), o tema do controle de armas volta a empolgar os EUA, sobretudo depois de uma nova chacina, neste sábado, na mesma cidade de Aurora, no Colorado, onde. há dois ou três meses,  um louco armado de potentes armas matou doze pessoas e feriu mais de cinquenta dentro de um cinema que estreava mais um violento filme de Batmam.
Desta vez foram quatro mortos, três inocentes e o atirador, número que já não emociona uma população calejada pelas tragédias que têm sua origem na facilidade com que qualquer imbecil se arma das mais modernas máquinas de matar, desde as automáticas (ou semi) até pistolas de alto poder de fogo que são facilmente reabastecidas pelo atirador.
E todos se armam e matam protegidos por um dispositivo constitucional criado em  1791, no tempo das diligências,  quando milícias paticulares eram montadas para dar proteção aos cidadãos:  Estabelece a indigida Emensa:  "Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido”.  Essa Emenda é parte integrante da  Bill of Rights, onde estão discriminados os direitos fundamentais do cidadão estadunidense.  E ai de quem tentar abolir ou modificar esse dispositivo.
O massacre na escola elementar da pequena cidade de Newtown, com as trágicas consequências que o mundo inteiro acompanhou, obrigou Obama a tomar uma posição. Ele prometeu priorizar em seu segundo mandato, de alguma maneira, o controle de armas no país.  Mas ele sabe que essa é uma tarefa quase, para não dizer totalmente,  impossível.  Primeiro, porque ele terá que conseguir o apoio da Câmara de Deputados, de maioria republicana, que se opõe a qualquer alteração legislativa que dificulte o acesso às armas. Segundo, porque ele terá que passar por cima do poderoso complexo militar-industrial do país, em cuja linha de frente estão as associações de proprietários de armas, com destaque para a NRA (National Rifle Association), que tem quase dois milhões de membros fanáticos por armas.
A propósito, e aqui eu entro no foco do artigo,  dirigentes dessas associações participaram de programas de TV para mostrar sua intransigente defesa da Segunda Emenda.  Um deles, no programa de Piers Morgan (foto), na CNN, pregou a entrega de armas a professores e funcionários das escolas, como único meio de proteger as crianças e culpou o governo por não cuidar da saúde mental da população. Diante de tamanha imbecilidade, o apresentador, que é britânico, perdeu a paciência com o entrevistado e mandou, na lata: “você é um homem inacreditavelmente estúpido”.
O lobby das armas não perdoou a “insolência”  do jornalista britânico,  que vive e  trabalha legalmente nos Estados Unidos,  e colocou a cabeça dele a prêmio. Num abaixo-assinado postado no site da Casa Branca, até alguns dias, eram mais de 100 mil assinaturas pedindo a deportação de Piers Morgan, sob a acusação de ingerência nos assuntos internos do país ao criticar a Constituição americana.
Mas Piers Morgan não se assustou com a ameaça e partiu para o contra-ataque e, em entrevista a um jornal britânico, reproduzida em toda a mídia estadunidense, foi suficientemente corajoso em defender seu ponto de vista e mandou um recado aos armamentistas:
“Se vocês não mudarem suas leis sobre armas para pelo menos tentar parar esta implacável onda de carnificinas, então vocês não precisam se preocupar em me deportar.  Embora eu ame este país como uma segunda casa e onde sou tratado incrivelmente bem, eu mesmo o faria -  principalmente por ser pai preocupado de um filha de um ano de idade, que daqui a três anos poderá estar frequentando uma escola elementar americana como a Sandy Hook.  Por isso, eu considero seriamente deportar-me”.
Esse é o clima que domina hoje os Estados Unidos na questão do controle de armas. De um lado, irredutíveis,  os conservadores que defendem a intocabilidade da Segunda Emenda e rechaçaram a proposta de uma senadora da Califórnia, de, pelo menos, proibir a venda de rifles de assalto, semi-automáticos, usados pelos militares em guerra.   De outro, os de pensamento mais liberal, que pregam algum tipo de controle que dificulte a ação dos loucos armados que infestam a terra de Tio Sam.  
Obama, para esfriar os ânimos, colocou o vice Joe Biden no comando de uma comissão bipartidária para apresentar sugestões práticas que impeçam a repetição de novos massacres no país. Mas, no fundo, ele apenas empurrou o problema com a barriga, porque sabe que limitar a venda de armas é mexer em vespeiro. E a resposta pode ser surpreendente.

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