Nunca tantas pessoas foram assassinadas no mundo em
defesa do meio ambiente como em 2016. A liderança do ranking que mapeia
esse tipo de violência, mais uma vez, é do Brasil: foram 49 mortes no
ano passado, divulgou a organização Global Witness nesta quinta-feira
(13/07).
“Não foi uma surpresa. O Brasil é o país mais perigoso do mundo para
quem luta pelos direitos ligados à terra e à proteção do meio ambiente”,
afirma Billy Kyte, da organização inglesa. Em todo o mundo, 200
assassinatos de ativistas ambientais foram mapeados pela organização.
“Isso é só a ponta do iceberg. Acreditamos que o número de mortes
seja maior, mas nem sempre elas chegam ao conhecimento público, ou suas
reais causas são relatadas”, comenta Kyte.
A Global Witness reúne as informações desde 2002, e há cinco anos o
Brasil apareceu pela primeira vez no topo da lista. Desde então, o país
nunca mais perdeu a posição de “liderança”.
Rondônia, Maranhão e Pará – todos parte da Amazônia Legal – foram os
estados mais violentos em 2016. Para a Comissão Pastoral da Terra (CPT),
criada em 1975 e inicialmente ligada à Igreja Católica, o avanço da
fronteira agrícola está por trás desse cenário.
“A causa está na expansão do agronegócio, construção de grandes obras
de infraestrutura como barragens e hidrelétricas, ferrovias”, diz
Thiago Valentin, da secretaria nacional da CPT. “É um problema
histórico: a exploração de quem vem de fora sobre as pessoas que moram
na região”, acrescenta.
Assim como a Global Winess, a CPT contabiliza assassinatos de
lideranças comunitárias, indígenas, sem-terras, posseiros, trabalhadores
rurais e quilombolas. Em 2016, o órgão contabilizou ainda mais mortes
que a ONG: 61 vítimas.
“Essas pessoas são muito muito mais que defensores ambientais. Estão
lutando por direitos, por território, por terra, por água. Vai muito
além da questão ambiental”, reforça Valentin.
Fonte: Tribuna Hoje