Pai amarrou e amordaçou acusado em
quarto com espátula de aço aquecida e queimou seus órgãos genitais causando
morte
Por BBC
Brasil
O caso de um
homem indiano que torturou e matou o suposto estuprador de sua filha chocou o
país - mas, ao mesmo tempo, muitos o veem como um herói.
De acordo
com relatos dados à polícia, o pai de seis filhos e 36 anos de idade disse a
sua esposa na sexta-feira passada que queria passar algum tempo conversando com
seu inquilino em um quarto no primeiro andar de sua casa, e pediu que esta
dormisse com as crianças no piso térreo.
No pequeno
quarto de pouco mais de 2 metros por 3 metros, o pai amarrou e amordaçou o
inquilino, e com uma espátula de aço aquecida no fogão queimou seus órgãos
genitais, causando sua morte.
O pai - cujo
nome não foi revelado por razões legais - se entregou voluntariamente à polícia
de Nova Déli dizendo acreditar que a vítima merecia a tortura, pois havia
estuprado sua filha de 13 anos de idade.
'Muito
nervoso'
Eram 3h45 da
madrugada de sábado quando o pai entrou no posto policial Khajuri Khas para
confessar que havia matado o suposto estuprador.
Casos de
estupros têm chamado grande atenção na Índia desde dezembro de 2012, quando uma
estudante de 23 anos de idade foi estuprada e assassinada em um ônibus em Nova
Déli.
A
repercussão mundial do caso levou a Índia a adotar penas mais duras contra o
crime, entre elas a pena de morte. Mas, para descontentamento de muitos no país,
já se passaram dois anos e os agressores da estudante Déli ainda não foram
punidos.
Eles foram
sentenciados à morte, mas sua apelação está pendente no Supremo Tribunal
Federal. Muitos indianos se ressentem da lentidão do sistema judicial em processos
que podem durar anos.
Apesar da
nova lei, a notificação de casos de estupro na Índia subiu imensamente - de
24.923 casos, em 2012, para 33.707, no ano passado. Isso significa que, todos
os dias, 93 estupros são relatados no país.
Talvez por
conta deste cenário, o assassinato em Khajuri Khas tenha gerado simpatia de
parte do público pelo pai, com muitos dizendo que fariam o mesmo.
Depois que a
história foi relatada pela primeira vez, no fim de semana, muitos descreveram o
assassino confesso como "herói", que "fez o que tinha que
fazer". Outros expressaram a esperança de que ele escape de uma punição
mais severa.
'Qualquer
pai faria isso'
"Qualquer
pai faria isso", disse à BBC Mohammad Ayub, que dirige riquixás e faz
ponto a menos de um quilômetro do local do crime.
"Para
que ir à polícia e a tribunais? Eles pedem todos os tipos de prova. Em nosso
país, a Justiça demora muito. Justiça deve ser feita em dois meses, mas aqui os
casos levam seis ou sete anos."
Seu colega
Noor Mohammad diz que o pai não deve ser punido. "O que ele fez foi certo
e ele deveria ser libertado".
O inspetor
Arvind Pratap Singh, que está à frente da investigação, disse que nunca viu um
caso como este.
"Nós
geralmente temos que perseguir assassinos, eles não vêm à delegacia por conta
própria", diz ele.
"Entendo
a simpatia de todos com ele (o assassino), mas temos que nos ater à lei. Ele
cometeu um crime, terá que enfrentar as consequências."