De acordo com dados do Mapa da Violência 2014,
o Maranhão ocupa a terceira posição entre as unidades federativas com
maior crescimento no número de homicídios no período de uma década. Para
a realização da pesquisa, foi feito um levantamento dos registros desse
tipo de morte entre os anos de 2002 e 2012.
No ranking da violência, o Estado teve aumento de 203,6% de
homicídios nesse período, ficando atrás apenas da Bahia, com 242,1%, e
do Rio Grande do Norte, que registrou crescimento de 272,4%. O Maranhão
registrou um total de 12.399 mortes desse tipo durante os dez anos em
questão.
O estudo também destacou o crescimento da violência entre as
capitais. Na lista, São Luís aparece como a segunda cidade com maior
crescimento de homicídios, tendo registrado aumento de 235,6% no número
de casos. A primeira posição ficou com Natal (RN), que registrou
crescimento de 347,1%. Ao todo, foram registrados 4.523 homicídios em
São Luís no período do levantamento.
Brasil entre os países mais violentos
No que diz respeito aos dados nacionais, o Mapa da Violência 2014
mostra um crescimento de 13,4% de registros desse tipo de morte durante a
década analisada. O percentual é um pouco maior que o de crescimento da
população total do país: 11,1%.
As principais vítimas são jovens do sexo masculino e negros. Ao todo,
foram vítimas desse tipo de morte 30.072 jovens, com idade entre 15 e
29 anos. O número representa 53,4% do total de homicídios do país.
Também, desse total, 91,6% eram homens.
Os dados de 2012, último ano da série projetada pelo mapa, mostram
ainda que, a partir dos 13 anos de idade, o percentual começa a crescer.
Passa de quatro homicídios a cada 100 mil habitantes para 75, quando se
chega aos 21 anos de idade.
Os homicídios também vitimam majoritariamente negros, isso é, pretos e
pardos. Foram 41.127 negros mortos, em 2012, e 14.928 brancos.
Considerando toda a década (2002 – 2012), houve “crescente seletividade
social”, nos termos do relatório. Enquanto o número de assassinatos de
brancos diminuiu, passando de 19.846, em 2002, para 14.928, em 2012, as
vítimas negras aumentaram de 29.656 para 41.127, no mesmo período.
Ao todo, ao longo dessa década, morreram 556 mil pessoas vítimas de
homicídio, “quantitativo que excede largamente o número de mortes da
maioria dos conflitos armados registrados no mundo”, destaca o texto.
Comparando 100 países que registraram taxa de homicídios, entre 2008 e
2012, para cada grupo de 100 mil habitantes, o estudo conclui que o
Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking dos analisados. Fica atrás de El
Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e
de Guadalupe.
O Brasil já ocupou posições piores no ranking. A situação foi
amenizada tanto por políticas de enfrentamento à violência desenvolvidas
internamente, que frearam o crescimento exponencial das mortes, quanto
pelo fato de países, especialmente da América Central, estarem vivendo
“uma eclosão de violência”. Sobre isso, o relatório destaca que mesmo os
países com menores taxas da América Latina, quando comparados com os da
Europa ou da Ásia, assumem posições intermediárias ou mesmo de
violência elevada. Nesses continentes, segundo a pesquisa, os índices
não chegam a 3 homicídios em 100 mil habitantes.
Entre as políticas desenvolvidas internamente, o estudo destaca a
Campanha do Desarmamento e o Plano Nacional de Segurança Pública, em
nível nacional, e ações em nível estadual, como as executadas em São
Paulo e no Rio de Janeiro, que geraram quedas nos índices de homicídio
em meados dos anos 2000. A magnitude desses lugares pesou na redução dos
índices e possibilitou a leve melhora na posição do país no ranking
mundial.
Mesmo assim, a situação é preocupante, de acordo com o Mapa da
Violência, que é baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e
em outros dados do Ministério da Saúde.
Números nos diferentes Estados
Entre 2002 e 2012, houve crescimento dos homicídios em 20 das 27
unidades da Federação. Sete delas tiveram crescimento explosivo: o
Maranhão, Ceará, a Paraíba, o Pará, Amazonas e, especialmente – registra
o estudo -, o Rio Grande do Norte e a Bahia. Nos dois últimos, as taxas
de mortalidade juvenil devido a homicídios mais que triplicaram.
Nesse último ano, houve aumento das mortes, especialmente entre os
jovens. No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, ocorreram 56,5
homicídios por grupo de 100 mil jovens, em 2012.
Na década, as unidades que diminuíram as taxas foram: Mato Grosso, o
Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pernambuco e, com mais
intensidade, o Rio de Janeiro e São Paulo. Apenas seis estados tiveram
queda entre 2012 e 2011. Um deles, Pernambuco, diminuiu 6,8%. Os
números, todavia, mostram o desafio: nesse estado, foram 73,8 homicídios
a cada 100 mil jovens.
Agência Brasil