Só no ano passado, o governo federal gastou R$153,5 milhões com publicidade com o SBT. Mas se depender da deputada Jandira Feghali, do PCdoB, as altas somas serão cortadas. O partido entrou com representação na Procuradoria Geral da República contra Sheherazade por apologia ao crime. Isso porque a apresentadora afirmou que agredir e prender um garoto a um poste era “legítima defesa coletiva” e “compreensível” frente ao descaso de um “estado omisso” que nada faz diante da criminalidade. Além da ameaça de corte do dinheiro de publicidade enquanto durar o processo, está em jogo também a própria concessão do canal do SBT caso a emissora perca o embate.
Vale lembrar também que Sheherazade tem sido uma das mais duras críticas do governo Dilma em seu espaço editorial na TV.
Assim fica fácil
É por isso que o que mais chama a atenção no caso todo é a facilidade com que o governo pode calar quem o critica. Alguém incomodou? Basta ameaçar cortar a grana e pronto. Silenciado. O que é uma pena. Não porque Sheherazade seja visionária ou um primor de defensora dos Direitos Humanos, mas porque a democracia pressupõe justamente isso: a convivência das mais diversas opiniões. Até as mais destrambelhadas.
E já que o assunto é opinião
Aqui está a minha. A argumentação de Sheherazade de que agredir e prender alguém é “legítima defesa” não se sustenta. Legítima defesa é alguém tentar te matar e você matar primeiro, por exemplo. Prender alguém dessa maneira não é um reflexo imediato em defesa da própria vida. É crueldade deliberada.
Esse é meu entendimento de leigo, não sou jurista. Por isso mesmo, convoco os especialista de Direito a participar nos comentários abaixo. De qualquer modo, a cena do jovem nu e amarrado ao poste é indefensável. Aquilo só pode ser arquivado em uma categoria: “atrocidade”.