terça-feira, 19 de novembro de 2013

A política, sem ilusões


Não tem mais jeito: está aberta a temporada eleitoral. A imprensa costuma dizer que os políticos a antecipam, mas bem que ela gosta do ambiente, propício a especulações, pareceres de especialistas e muita possibilidade de armação embutida...

Mesmo achando que é cedo demais, vou tentar analisar, a partir de minha visão do mundo e consequentes convicções ideológicas, o panorama que se está desenhando.         Cabe a expressão “convicções ideológicas”  porque é impossível, nessa matéria, imaginar-se uma isenção total. Achar, por exemplo, que o Merval ou o Sardenberg vão, em um momento qualquer de suas vidas, aplaudir uma plataforma que se coloque, ainda que parcialmente, contra o neoliberalismo, é entrar em devaneios profundos. A política não só é a arte do possível, mas também relativiza esse possível, conforme as intenções do poder e os sistemas econômicos que lhe são impostos.
No meu caso, e sei que há muitos que pensam como eu, não enxergo a política com ilusões. O que eu desejaria efetivamente  para o meu país está longe do que é possível obter-se. Na nação dos meus sonhos, haveria educação e  saúde totalmente públicas, funcionaria um regime fiscal de taxação forte das grandes riquezas dos exploradores NO país e DO país, não se admitiriam os lucros abusivos dos bancos nem a ganância, incompetência, desrespeito das empresas de telefonia campeãs de reclamações, existiria uma séria lei dos meios que impediria o antidemocrático e perverso monopólio da grande mídia comandada por bilionários e que manipula informações, seria implantado um orçamento impositivo, sim,  mas participativo, com o povo definindo claramente o que devem fazer os seus representantes.
As utopias nos colocam em paz com a consciência, mas a política nos traz de volta à realidade. Por isso, e agora sem rodeios, reafirmo minha posição, diante do quadro que aí está, de que  o melhor para o povo brasileiro (e esse melhor está muito longe do ideal) não é um sistema que coloca o mercado no topo e reduz a cidadania ao consumo e o Estado a mero executor de interesses de grupos empresariais corporativos.  Para mim, e acredito que para a maioria dos brasileiros, o melhor é a continuidade das políticas públicas de combate à exclusão e à imensa desigualdade que ainda marcam nossa sociedade.
Tudo sem ilusões. As fraudes e falcatruas que o país experimenta desde sempre jamais se encerrarão em um passe de mágica, como querem fazer crer os hipócritas jornalistas subservientes aos patrões, só porque está terminando o suspeitíssimo processo do “mensalão”. Continuarão a existir, não porque petistas ou quaisquer outros “istas” ocupem o poder, mas porque são endêmicas e fazem parte desse sistema em que vivemos, calcado na acumulação indevida do capital, na ganância dos espertalhões. Não é  verdade – e qualquer cidadão bem informado sabe disso -  que esse tenha sido, como apregoa a mídia de oposição, “um julgamento para ficar na história”. Foi, sim, um julgamento onde o caráter político atropelou o jurídico para tentar alterar a história, com aparato midiático jamais visto no país e expectativas bem nítidas, quase golpistas,  de que pudesse influenciar o processo eleitoral, o de 2010 e o de agora.
Será um julgamento histórico se, em razão da forma como se deu, vier a levar às ruas os cidadãos efetivamente interessados em combater a corrupção, para exigir outras apurações, conclusões e, se for o caso, punições. Será um julgamento histórico se, apesar do casuísmo que o motivou, puder deflagrar uma investigação séria sobre o denunciado processo de privataria no governo FHC, vier a colocar em juízo o mensalão mineiro (anterior ao petista, até hoje não julgado), propiciar o exame transparente do volumoso caso Cachoeira (o que é feito do Demóstenes?), da corrupção de Brasília com políticos do DEM (e o Arruda?), dos apregoados  problemas dos governos tucanos e as propinas para o favorecimento de empresas multinacionais, dos desvios praticados e explicitados à farta na Prefeitura do Kassab  etc etc etc    
As pessoas podem e devem ter seus posicionamentos políticos e/ou ideológicos sem que, por isso, compactuem com erros.  Não dá é para ser míope por conveniência e aceitar essa orquestrada compulsão da mídia intencionalmente caolha, ou a hipócrita cruzada dos tucanos e de outros bichos contra a suposta imoralidade DOS OUTROS, livrando a cara dos seus “correligionários”.  
Acho, e posso estar errado, que o que vem por aí vai frustrar os que imaginam que esse oba-oba feito em torno do mensalão vá alterar o quadro eleitoral . O povo, que não é bobo, percebe intenções não reveladas.
Acredito que Dilma continua a ter as melhores condições de ser eleita - e isso se reflete até agora nas pesquisas - porque são importantes para o povo em geral as medidas sociais que vêm sendo implementadas e não parece haver outra candidatura mais voltada para isso. Acredito que essa maioria que a elegeu voltará a fazê-lo, em primeiro ou segundo turno, apesar de não ter dúvidas sobre as tentativas que se fazem e se farão com intensidade crescente, para desqualificar seu governo.
Claro, quem não pensa como eu pode achar que Aécio ou Serra sejam melhores opções. Quem quer o Estado mínimo, o primado do particular sobre o coletivo, tem mesmo que defender o neo-liberalismo. E há também uma terceira corrente, resultado da união de Marina (a que “pintou o seu rosto” com outras cores e consegue falar muito sem dizer nada) e Eduardo (o que, depois de 11 anos ao lado do PT, promete agora “mais do mesmo”). Difícil crer que os dois emplaquem juntos, pois  suas ideias são claramente conflitantes.
É isso. Minhas escolhas políticas estarão sempre voltadas para quem combate a miséria e a desigualdade. Escolho o que mais se aproxima dos meus sentimentos, mas, sempre, com os pés no chão.

 autor deste artigo Rodolpho Motta Lima

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