sexta-feira, 21 de junho de 2013

Indignar-se é a palavra de ordem

No dia 16 de março de 2011 escrevi uma coluna aqui mesmo no Direto da Redação falando do livro de um francês de 93 anos, Stéphane Hessel, chamado “Indignez-vous”. De lá para cá, Stéphane, um heroi da resistência na Segunda Guerra Mundial, morreu, mas deixou-nos com seu pequeno livro (vejam, um livro escrito quando ele  tinha 93 anos) uma lição de vida: “o povo não deve nunca perder sua capacidade de se indignar…”
As causas dos protestos que ocorrem agora no Brasil são muitas, mas me consola saber que nosso povo não perdeu a capacidade de se indignar. Como elas eclodiram juntamente com os eventos esportivos que ou se disputam agora ou se disputarão nos próximos anos, permito-me reproduzir abaixo o  que escrevi na Gazeta Esportiva, um órgão cuja finalidade já é claramente definida por seu nome:

“Sou totalmente a favor dos protestos, embora não das maluquices do tipo de querer transporte público gratuito". Como dizia Milton Friedman, não existe almoço de graça. O dinheiro tem que surgir de algum lugar. Subsídios significam apenas que a conta é passada para o contribuinte.
Sou também, como já escrevi abaixo, contra tolices como a de impedir a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Preferem lampiões de querosene e carros de boi?
Sou, evidentemente, contra quebra-quebras, saques e roubos. Sou, é claro, contra a violência policial.
Aqui nos Estados Unidos convivi diversos meses com o movimento Occupy Wall Street, em Nova York, e cheguei a pensar em ir lá, mas moro longe. O movimento durou diversos meses, protestanto contra a roubalheira dos “big shots” e o desequilíbrio social, com 99% da população ganhando cada vez menos e 1% ganhando cada vez mais.
Mas foi um movimento pacífico, sem quebra-quebras e sem tiro nos manifestantes. Só acabou mesmo porque o inverno chegou e é duro acampar na neve e no gelo.
No Brasil não há inverno (a não ser nas páginas da moda) e aí temos uma grande oportunidade de levar os protestos adiante.
Os manifestantes terão meu pleno apoio (apoio desimportante, bem sei) se protestarem contra a corrupção de politicos e cartolas que solapa o país, se protestarem contra as promessas de investimento em educação, saúde e obras de infraestrura que nunca saíram do papel, contra os orçamentos para a Copa do Mundo e a Olimpíada (como já aconteceu nos Jogos Pan-Americanos) que ultrapassam em muito as previsões, sem uma explicação razoável.
Seria ótimo se ao fim de tudo os corruptos fossem encaminhados, algemados e expostos à execração popular, para o presídio, em vez de legislarem contra os juizes que os condenaram.
O que impede o Brasil de se tornar um país desenvolvido é a corrupção e a indiferença diante da corrupção. Se, a propósito da Copa do Mundo e da Olimpíada, os protestos populares levarem o país a acordar, estaremos todos de parabéns. Todos menos os corruptos.
A corrupção custa bilhões de dólares ao país e está na hora de dizer basta.
Mas antes de mais nada devemos impedir os poucos maus elementos de conspurcarem os protestos legítimos.”
Abaixo, ainda no mesmo “post”, abordei outro aspecto:
“Um ponto também importante é a reforma do Judiciário. Como trabalho no sistema judicial norte-americano, sei que é imensa a diferença que o separa do brasileiro, onde a Justiça tarda e frequentemente falha. É incompreensível que processos criminais, trabalhistas e cíveis arrastem-se por décadas, sujeitos a toda sorte de chicanas”.
A tudo isto, devo acrescentar que reduzir ou cancelar o aumento das  tarifas não será solução. De uma certa forma, apenas agravará, pois, como eu disse acima, subsídios não resolvem.
O fato é que os governos, em todos os níveis, tem faltado no Brasil com o dever de fornecer serviços públicos decentes aos cidadãos, nos transportes, na educação, na saúde. Quem vai ao Brasil e vê o caos nos aeroportos, o caos no trânsito eternamente congestionado das cidades, a violência  e a corrupção, compreende que nossos governantes estão totalmente divorciados da realidade da nação.
O sonho de desenvolvimento fácil acabou. O governo está desorientado. Em grande parte isto acontece porque Brasília é uma ilha de irrealidade. A tansferência da capital da República para aquelas lonjuras contribuiu para criar uma classe política que se permite toda a sorte de desmandos, de escândalos e de corrupção, achando que está fora do alcance da população.
Não mais.   
autor deste artigoJosé Inácio Werneck

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