da Agência Brasil/EBC
Vaticano – Dirigindo-se, como de costume, aos cardeais e fiéis
chamando-os de “queridos irmãos e irmãs”, o papa Francisco apelou hoje
(19) aos líderes políticos para que sejam responsáveis. Ele usou as
expressões “por favor” e “pedir” ao se dirigir aos líderes para que
assumam o papel de “guardiões”, afastando os riscos de destruição e
morte no mundo.
O apelo ocorreu na missa que marca o começo de seu pontificado.
Francisco pediu ainda que todos mantenham a esperança, mesmo nos
momentos mais difíceis. Citou várias passagens bíblicas e mencionou
repetidas vezes a palavra “responsabilidade”.
“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de
responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os
homens e mulheres de boa vontade: sejamos 'guardiões' da criação, do
desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente;
não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste
nosso mundo”, disse Francisco.
Pelo menos 132 países enviaram delegações. A presidenta Dilma
Rousseff participou da missa acompanhada por uma comitiva de ministros e
assessores. Também estavam presentes 32 líderes de distintas religiões,
segundo o Vaticano.
O papa reiterou ainda que há sentimentos, como o ódio, a inveja e o
orgulho, que “sujam a vida”. “Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o
orgulho sujam a vida. Guardar quer dizer vigiar sobre os nossos
sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e
as más: aquelas que edificam e as que destroem”.
Para Francisco, os líderes e os que são guiados por eles não devem
temer a bondade. “Não devemos ter medo da bondade, nem mesmo da
ternura”, ressaltou. “Cuidar, guardar requer bondade e requer ser
praticado com ternura.”
Ao ler a passagem bíblica do Livro de Romanos, o papa
mencionou a necessidade de manter a esperança viva. “São Paulo fala de
Abraão, que acreditou 'com esperança, para além do que se podia
esperar'”, disse ele. “Também hoje, perante tantos momentos de céu
cinzento que há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós
mesmos a esperança”, acrescentou.
Francisco recomendou que todos se tornem guardiões uns dos outros.
Segundo ele, para por em prática o conselho é necessário assumir a
sinceridade como premissa. “É viver com sinceridade as amizades, que
são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem”, disse ele.
“Sede guardiões dos dons de Deus.”
O papa ressaltou que quando o homem falha, ele abre espaço para que
forças negativas dominem. Ele citou como exemplo o rei Herodes,
mencionado na bíblia, como aquele que perseguiu judeus e seus filhos.
“Quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da
criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração
fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem
'Herodes', que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do
homem e da mulher”, disse Francisco.
O papa lembrou dos ensinamentos de São Francisco de Assis. “É ter
respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É
guardar as pessoas, cuidar carinhosamente todas elas e cada uma,
especialmente, as crianças, os idosos, aqueles que são mais frágeis e
que muitas vezes estão na periferia do nosso coração”, destacou
Francisco.
Francisco encerrou a missa com um pedido, que se transformou em sua
marca. “Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e
São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu
ministério, e, a todos vós, digo: 'Rezai por mim!' Amém”.