As
vitórias régias da política e do jornalismo local detestam meu estilo.
Para esses seres de sensibilidade aguda, minha pena é ácida demais.
Alguns dizem que a crítica que faço é muito pessoal - como se a política
fosse feita por elfos, duendes e fadas, e não por pessoas de carne,
osso e algum interesse.
O puritanismo hipócrita desses aborígines costumava dizer no passado - e
ainda hoje diz - que eu lanço “impropérios contra autoridades da nossa
cidade”, numa tentativa vã de me desqualificar. Quando ouço coisas desse
tipo, reforço minha convicção de que essas figuras estão
intelectualmente em estado vegetativo. Pararam no tempo.
O que querem? No fundo, continuar - já o fizeram por 12 anos - exercendo
o monopólio da fala na nossa província. Continuar determinando “o que” e
“como” dizer. Porém, como sabem que não podem mais fazê-lo, já que os
ventos agora sopram noutra direção, ficam o tempo todo se queixando.
Formam – junto com alguns políticos – a trupe dos “humilhados e
ofendidos”.
Para esses nativos da mediocridade subserviente, interessa o debate
estéril, o discurso pelo discurso, como se as palavras não tivessem
relação com as coisas e as pessoas. Quem age em sentido contrário é logo
taxado de “anarquista”, de baderneiro e outras bobagens. Mas esse
totalitarismo dos bem-intencionados - todos nós sabemos! - custa caro
aos cofres públicos.
Foram eles que inauguraram o “bom mocismo” no debate político local.
Trata-se de uma versão guajajara do “politicamente correto”, que se
caracteriza por três tipos de postura: cumplicidade entre os colegas,
reverência cega em relação às autoridades e ódio mortal a quem não se
encaixa nessa categoria. É isso que identifica toda essa canalha.
O jornalismo barato que praticavam - e ainda praticam - virou um filão,
um meio de vida, explorado por analfabetos com e sem gravata. Se alguma
coisa desse errado e eles tivessem de mudar o discurso, não tinha
problema: imediatamente realizavam uma operação verbal e tudo voltava a
ser como antes. Meu papel é tirar esse pessoal da zona de conforto.
Aliás, o leitor sabe como ferrar um pilantra? Ponha-o na frente do
espelho e o obrigue a dizer: “Eu sou pilantra”. No fundo, é isso que
estou fazendo. E não o faço por intolerância. Faço somente por respeito
aos fatos e ao leitor. E também por respeito à língua portuguesa. Como
diria Azevedo: “No esgoto, eles ganham! Na língua pátria, ganho eu”.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista